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Imagem autoral |
Talvez será um desafio para eu
falar desse filme hoje, mas tentarei com fervor mostrar a você a importância
dessa história, principalmente a comunidade LGBT+ e o porquê de você ter que
assistir a essa obra maravilhosa.
Começamos com Marcela. Uma mulher
introvertida, quieta, inteligente. Marcela vai à escola da região porque o pai
permite. No mesmo dia, ela chega molhada da chuva e atrasada na aula, mas há
alguém que a ajuda: Elisa. Elisa estuda na mesma escola que Marcela, isso
também ao fato de sua tia ser a diretora da escola e, por isso, ela dorme
também na escola, com as freiras.
Percebemos que rapidamente elas se encaixam, se
entrelaçam e têm uma ligação muito forte e muito bonita. Começam com uma linda
amizade, no caso, elas se veem e conversam todos os dias na escola, e depois de
certo tempo vemos que algo maior está surgindo, alguma coisa além da amizade.
Amor, talvez?
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Imagem da Internet |
É AMOR SIM, MEU QUERIDOS E MINHAS
QUERIDAS!
Elisa e Marcela percebem que não
podem viver uma sem a outra e se isso não é amor, então não sei como chama. O
problema está quando o pai de Marcela percebe que a filha anda muito com Elisa,
quando ela devia estar procurando um homem pra se casar, se for rico então,
melhor ainda. As forças ele resolve tirá-la da escola e mandá-la pra um
internato em Madri.
A única solução é fugir e é
exatamente o que elas fazem. Ambas pegam suas coisas e partem para bem longe.
Em outra cidade, Elisa e Marcela tentam se “misturar” e fingir que são como as
outras pessoas locais, mas isso instiga muito a curiosidade e faz com que
algumas pessoas passem a bisbilhotar a relação das duas. Então, elas bolam um
plano: precisam casar uma com a outra.
UMA PAUSA AQUI.
O ano é 1901. É uma época onde mulheres não poderiam ler livros, a educação era mínima quase restrita. Era importante que uma mulher casasse com um homem e servisse o marido como puder, cuidasse dos filhos e da casa e nada além disso. Uma época de mulheres submissas e homens machistas, brutos e tudo o que você puder pensar de pior a dar características a esses homens. Uma coisa mais importante que tudo isso: homossexualidade era, na época, homossexualismo. O sufixo “ISMO” indica patologia, doença, ou seja, além do preconceito era visto como algo patológico, algo que não estava normal, que precisava ser “curado”.
VOLTANDO.
Elisa se transforma num homem.
Faz-se passar por Mario, um primo falecido da família e assim, consegue casar
com Marcela. E você para pra pensar: agora elas terão um pouquinho de paz, né?
DIZ QUE SIM. Na verdade, NÃO. Isso aguça mais ainda a população local e isso
acaba fazendo com que as pessoas se metam em suas vidas.
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Imagem da internet |
Bom, tudo o que eu disser depois
do casamento é spoiler e eu não quero estragar a sua experiência. A minha
intenção é fazer e mostrar o motivo de porque você precisa assistir esse filme.
Uma coisa muito interessante é
que esse filme foi inspirado numa história super real. Elisa e Marcela se
casaram em 8 de junho de 1901 formando assim o primeiro casal lésbico a ser
casado pela Igreja Católica e a ser reconhecido como tal. O casamento nunca
fora anulado. E elas conseguiram graças a façanha brilhante de transformar
Elisa num homem, interessante não? A julgar pela época isso é uma coisa muito
perigosa porque, no caso, elas foram presas em Portugal. Muitas coisas
aconteceram depois que elas se casaram. Elas não tiveram um pingo de paz
sequer.
O filme foi todo filmado em preto
e branco, o que dá uma característica única e rara aos filmes atuais, assim
como “Roma” filme que obteve 10 indicações ao Oscar e dirigido pelo incrível
Alfonso Cuáron. Elisa e Marcela foi dirigido pela cineasta espanhola Isabel
Coixet e protagonizado por Natalia de Molina (A Catedral do Mar) e Greta
Fernández (O Vazio do Domingo). Ah, uma coisa muito maravilhosa que eu percebi
nesse filme são os cortes das cenas, a passagem de uma cena para outra. A tela
fecha, o quadro se fecha em círculo e foca em algo especial no filme, como por
exemplo, quando Marcela está chorando. Quando há essas passagens, há esses
cortes no rosto do personagem ou numa cena onde eles estão, sempre quando há
importância naquilo, como se fizesse para que nós, espectadores, prestássemos
atenção naquela cena específica. Achei um efeito e uma ideia brilhante, fiquei
muito impressionado e maravilhado com isso.
E o resto vocês conferem e
descobrem essa linda história assistindo essa obra belíssima. A importância
dessa história é muito grande, principalmente por ser algo real e você pode
conferir essa maravilha na Netflix, no conforto da sua casa.
Inclusive fica aí a dica para
assistir ao filme com o amor da sua vida, um amigo ou até mesmo um crush
(risos).
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