Na cozinha, o café esfria,
o pão com manteiga endurece
e a cabeça rodopia,
não sei bem o que acontece.
E nem sei o que fazer com essa monotonia.
A água da chuva já secou,
o universo despencou
e os escombros persistem morando no chão da sala,
ocultando aquela dor que ainda resvala
e não sei o que fazer com aquela fotografia.
As frases ditas se perderam em castigo.
As palavras não ditas se esconderam em abrigo.
A ausência se incorporou à minha nudez,
enfatizando os meus quilômetros e quilômetros de insensatez
e me pergunto o que fazer ao final do dia?
Viro para o canto: olhos abertos, lembranças insanas;
desencanto, caminhos incertos
(e a inércia se espalhando na cama)
e a cabeça leviana que olha para trás
e, por enquanto,
não é capaz de abandonar o passado ainda em vigília.
Procuro, então, uma sombra
mas é sol que fulgura.
Encaro o espelho em afronta,
Mas só enxergo tal imagem obscura.
E eu realmente não sei o que fazer
depois que a saudade distancia.
Sucumbir, mas retornar.
Definir e, enfim, praticar.
Mas o tempo estagna e a tristeza irradia.
Reconhecer é recomeçar,
surpreender ao se revelar
nesses versos em melancolia.
0 comentários:
Postar um comentário
Deixe sua opinião para nós do Refúgio Literário