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[FRANCA MENTE] MEU NOME É BRUXA

Por Francine S. C. Camargo •
domingo, 27 de outubro de 2019

Faça de mim uma Bruxa, meu Deus! – Pedia a menina em seu íntimo, em espera, olhando a Lua à janela, sem saber que uma Bruxa já habitava aquele espírito desde sempre.

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Meu nome é Bruxa. Não fico nem de longe perfeita em um traje de princesa, pois há roupas que não conseguem ocultar minhas cicatrizes, espinhos, queimaduras e máculas. Mas é quando estou nua que a Lua reflete melhor em meu corpo, mostrando que sei ser plena, sei crescer, sei minguar e sei me esconder.

Chamem-me Bruxa somente, sem sobrenome, assim posso responder sem rodeios, já que minha mente não estaciona nem por instantes, já que não paro, já que me é difícil até estabilizar, pois vivo em ondas, em saltos, em tropeços, equilibro como posso, uma vez que o corpo me permite ousar.

Tenho imperfeições entranhadas: não posso ver com exatidão com meus olhos desfocados, alguns odores desertaram, minhas pernas, muitas vezes, falham e a altura me desperta algum pânico genuíno, mesmo assim, ainda sou Bruxa, já que vou, ainda que com medo; caminho, ainda que com dor; busco os sabores e perfumes, ainda que insegura do que possa encontrar. E fecho os olhos sempre, para melhor enxergar o que há dentro de você.

Sim, posso te ver, além das aparências. Seus sonhos e sombras são meu combustível, neles me embrenho para criar, ler, entender. Bruxa é meu nome, sou guardiã da escuridão, mas não me tema, sei curar feridas tanto quanto consigo confrontar seus terrores.

Apesar de Bruxa, não fujo das fogueiras, pois há uma Deusa a arder dentro de mim, que faz com que cante vigorosamente e sem margem e que procure as respostas bem fundo, onde quase não se alcança, onde mal consigo chegar.

“Faça o que desejar, sem a ninguém prejudicar”

Mas, mesmo Bruxa, também me esqueço e me perco de mim. E se demorar para voltar, se não fizer ideia de onde piso, se me isolar, mesmo assim carrego um altar dentro de mim, minha Essência, com uma lua a guiar. E mesmo que chore quieta, que grite, que me esfacele, de ritual em ritual hei de me abrir, hei de brilhar, porque Bruxa me fiz e sempre serei e nada haverá de me parar.

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