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[FRANCA MENTE] RE...(TOMANDO, CONSTRUINDO, ADAPTANDO...)

Por Francine S. C. Camargo •
domingo, 4 de agosto de 2019


Não é trabalho imediato se atirar ao novo quando o velho já não funciona tão bem, ao que é diferente; mudar de margem para seguir um rumo mais aprazível, jogar-se pela janela sem saber o que vai encontrar lá embaixo, seguir uma nova linha, menos reta do que a anterior.

Não é fácil esvaziar os bolsos dos medos que a gente leva consigo por anos consecutivos. Nem cortar as mechas que não crescem bem, imaginando um recomeço. Renascer não é moleza, implica em ter morrido previamente, mesmo que metaforicamente, e soa doloroso, afinal, não se busca voluntariamente chegar ao fim dos trilhos.

Nem sempre se tem a chance de apagar o que estava escrito na lousa, no caderno, no coração. Algumas letras viram tatuagens na alma lembrando a gente, de tempos em tempos, dos desacertos, deslizes e arrependimentos passados e, mesmo que se escreva por cima uma nova história, a marca fica, fina e escondida, mas perene.

Enquanto isso, enquanto as negações e bloqueios diários tomam vida e reprimem a nossa vida, as oportunidades vêm e vão, nem sempre voltam.

Então a gente acha que nunca seria capaz de escrever um romance; que nunca seria capaz de publicar uma palavra sequer; que não conseguiria emagrecer, ser mãe, entregar-se a um amor, correr, ser livre. A gente acha que não seria capaz de doar-se a si mesmo, de respeitar a si mesmo e deixar fluir. A gente acha que jamais seria capaz de pedir ajuda e assumir as fraquezas. A gente acha que dormir no escuro e escutar todos os sons do planeta seria um problema, quando, na verdade, o problema é o silêncio, são as trevas que moram ali dentro, que gritam pedindo para ficar. Mas é possível deixá-los partir.

Estamos sempre começando. Continuaremos. E seremos interrompidos. Quem nos obstrui pode ser um desânimo, uma descrença, uma atitude impensada, uma palavra sem cuidado. Ao que parece, quem nos paralisa somos nós mesmos, pois é tão mais simples parar.

É hora de retomar. Há muito romance para escrever, muita sede para esgotar, muita paz para conquistar e muita vida para iluminar. As horas perdidas ficarão para trás, mas o relógio não parou e o tempo pode novamente ser um grande aliado.



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