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[FRANCA MENTE] É SEU ESSE PAI?

Por Francine S. C. Camargo •
domingo, 11 de agosto de 2019


          
Não é possível ser universal, já que há muita ausência, sorriso fechado, abraço duro, companhia parcial, presença só na certidão de nascimento, ou nem mesmo nela. Sei que há muita tristeza nessa data, muita saudade, muito lamento ou indiferença pelo não vivido; há os que buscam uma referência em outros rostos e nem sempre a encontram; os que repetem os mesmos erros e os que juram que serão melhores para os seus próprios filhos, apesar da falta de um modelo.

Mas se você teve ou tem um pai que considera o melhor do mundo, abra seus braços, rasgue o verbo, extravase seu espírito em gratidão. Faça valer o dia se há por perto alguém a quem já chamou de PAI, com ênfase em cada letra, não importa se ainda chama ou se as palavras soam frustras ao vento, ecoando, sem resposta, já que ele partiu. Aqui, lá, onde esteja, sinta a herança de valores, ensinamentos e exemplos que ele deixou.

Um dia, ele disse para que você seguisse, quando nem você mesmo acreditou que conseguiria ir. Um dia, ele disse para que continuasse a amar, quando parecia ser impossível que você pudesse preencher novamente seu coração. Um dia, ele te segurou, te elevou aos céus, jogando seu corpo ao alto sob a promessa de que jamais te deixaria cair; um dia, ele cobrou o seu respeito, para que nunca deixasse de respeitar quem quer que cruzasse o seu caminho; um dia, ele te chamou para conversar, pois tinha muito a dizer e a ouvir, mesmo que não necessariamente com palavras. Todos os dias, ele torceu, vibrou, esperou acordado, temeu te perder. Ele te levou ao altar, olhou para o futuro, deixou que saísse de casa, mas te manteve com ele quando você disse adeus. Eventualmente, talvez ele tenha chorado escondido, ou de peito arregaçado, ou seu pranto foi abstrato, expresso em fugas e cara amarrada. Um dia, ele usou as mãos com habilidade para te alimentar, essas mesmas mãos que hoje tremem ao deslocar a xícara da mesa à boca. Um dia, ele construiu castelos de areia, de blocos, de papel, ou castelos no ar, para que vocês sonhassem juntos e de sonhos verdadeiros se fez sua vida, pois a terra se tornou mais firme para saltos e o ar se tornou mais leve para voos na imensidão.

Sem dúvida, houve falhas, já que humanizar-se é preciso; sem dúvida, nem sempre foi pleno, pois cada um se molda de pedaços partidos, de ilusões perdidas e renúncias. Dessa maneira, se ele é o melhor pai do mundo, tanto faz... ele sempre foi o seu mundo e quando não mais for, estiver, encontrar...é nesse mundo em que você ainda caberá.

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