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QUE ESPÉCIE DE AMOR VOCÊ VIVE?

Por Leandro Salgentelli •
sábado, 6 de julho de 2019


Eu estava a caminho da academia, com fones de ouvidos e perdido nos meus pensamentos, não me dei conta que havia um casal a minha frente brigando. Fui aproximando e a coisa estava ficando séria a ponto de haver plateia. Ela berrava “você é um canalha”. Ele: “VOCÊ QUE É LOUCA!!”.

Não sei o motivo da briga, não quis entender e tomei meu rumo, afinal, havia gente demais e eu já estava ficando constrangido por eles. No caminho fiquei refletindo sobre a insistência que temos em amores falidos. Por que é tão difícil admitir o fim?

Li em algum lugar que ao se relacionar devemos descobrir em que situação a gente se encontra, que espécie de amor é esse, traz à tona o nosso melhor ou nosso pior?

Relacionar-se nunca é fácil. Todos nós, por mais que fomos uma criança bem tratada, amamentadas com muito carinho e amor, teremos que lidar com os traumas que inevitavelmente nos acompanham para a vida adulta. É sabido que os traumas moldam nossa personalidade a ponto de transferirmos para as nossas relações.

Se você é uma mulher ciumenta, é preciso investigar a causa. Se você é um homem explosivo, idem. Se você é uma mulher insegurança, investigue sua infância. Se você é um homem que não se abre, o que o impede de descobrir o motivo?

Como se não bastasse isso, é preciso lidar com os imprevistos — nosso melhor ou nosso pior, lembra? Somos bem intencionados, educados, cumprimentamos todos, a versão oficial do nosso melhor é a que passamos adiante. Escolhemos essa versão por ser mais prática, porque condiz com o que a solenidade manda e é o que todos esperam.

No entanto, há outros dentro de nós só esperando um empurrãozinho. Você, tão educado, esbravejou na rua com sua mulher. Você, tão solene, deu um bofetão em público no seu marido. Vocês, tão sóbrios, brigaram na festa.

Então me responda: qual a versão que prevalece, seu pior ou seu melhor? Eu sei que é complicado, você ama, você gosta, você não consegue viver sem, mas essa exaustão emocional toda vale a pena?

Lembro como se fosse ontem quando minha avó fazia bolo. Assim dizia ela: “Para o amor crescer é preciso que todos os ingredientes estejam bons e juntos”. Com sua forma de ser tentava explicar para aquela criança que eu fui que sem equilíbrio emocional nada floresce.

Um amor pode trazer à tona nosso melhor quando ambos colocam ingredientes na forma. Para que traga o efeito contrário basta que o forno não fique aceso. Amar é transcender. Quando não transcende, adia-se o fim.  

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