Alguém que eu amo irá partir. Morrer. Desencarnar. Arrefecer. Abotoar o paletó. Expirar. A palavra diverge de boca a boca, mas o significado não destoa, a relevância é a mesma: alguém que eu amo chegará ao fim.
Quantos deles, não saberei, pois também haverá a ocasião de eu me findar dessa esfera e tanto menos saberia a sequência dessa fila, velha ordem mundial. Mas, como improvisos sempre são comuns na história de cada um, finjo que vou além, que carregarei esses infortúnios e tantas lágrimas despejarei.
Então esse alguém se irá e o que fazer do amor remanescente? Esse tipo de amor que não encurta na ausência, não se abrevia pela falta do abraço, pela omissão do olhar; esse tipo de amor que dispensa comentários ou curtidas em redes sociais e que tampouco se nutre de mensagens de celular. Esse tipo de amor que sobrevive porque está impregnado no peito e não vai sair, já que seu lugar é mesmo lá. O que fazer desse amor que não pode ser deportado?
A perda de quem foi tem prazo para acabar, só o amor é imortal. Guardo comigo, em grito escancarado ou num silêncio que concilia os dias, todo o amor com seus laivos de pesar.
Pois se alguém que eu amo demasiadamente - que fez do amor morada em minha alma – não puder mais estar ao alcance de minha existência, como fico eu, eu que aqui restei, sem direito de escolha? Como fico, com a palavra na boca?
“A morte deveria ser assim:
um céu que pouco a pouco anoitecessee a gente nem soubesse que era o fim...”Mário Quintana
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