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DARK SIDE RESSUSCITA APÓS 200 ANOS O GRANDE CLÁSSICO FRANKENSTEIN

Por Nathalie Murcia •
quarta-feira, 26 de junho de 2019


Título: Franskenstein
Autora: Mary Shelley
Editora: Darkside
Páginas: 299

FRANKENSTEIN, OU O PROMETEU MODERNO é um dos primeiros lançamentos da coleção Medo Clássico — ao lado do volume de contos do mestre Edgar Allan Poe — no início de 2017. A qualidade do livro é impecável, para cientista maluco nenhum colocar defeito. Capa dura, novas traduções, ilustrações feitas por Pedro Franz, artista visual e autor de quadrinhos reconhecido internacionalmente. O livro é impresso em duas cores: preto e sangue.

Considerado um clássico do gênero terror gótico. Contudo, o livro é muito mais que uma singela história de medo. A narrativa é permeada de nuances filosóficas e existenciais. A criação do monstro, pelas mãos e intelecto de Victor Frankenstein, que, de forma obstinada, se propôs a insuflar vida a tecidos inanimados, foi a sua obsessão, mas também, quando obteve êxito nessa empreitada, semeou sua própria desgraça.

Ao mirar a criatura recém despertada, Victor foi tomado de um pavor motivado pela aparência medonha do ser, e o abandonou a própria sorte. O monstro, perambulando sozinho em locais inóspitos, após ser rejeitado pelo seu criador, e por qualquer humano que com ele se deparava, teve sua natureza essencialmente bondosa, sensível, e moldada por sentimentos nobres, transmudada para uma personalidade pérfida e vingativa, sobretudo depois que Victor lhe negou o pedido de construir uma criatura à sua semelhança, do gênero feminino.

É impossível concluir a leitura sem sentir empatia pelo monstro e desprezo por Victor. Os diálogos eloquentes entre criatura e criador constituem os pontos mais altos da narrativa, a exemplo deste:

" - Esperava por esta recepção - disse o espírito maligno. - Todos os homens odeiam o ignóbil; como devo ser odiado, eu, a mais miserável de todas as coisas vivas! Não obstante, você, meu criador, detesta-me e trata-me com desprezo, sua própria criatura, a quem é unido por laços que só se dissolverão com a destruição de um de nós. Pretende matar-me. Como se atreve a brincar com a vida? Cumpre seu dever para comigo e cumprirei o meu para contigo e para com o restante da humanidade. Se consentir com minhas condições, eu os deixarei em paz, e a você; mas caso se recuse, fartarei os lábios da morte até que se saciem com o sangue do restante dos seus amigos."

Dessume-se que, Mary Shelley trouxe à baila, ao menos, duas reflexões morais com sua obra: a de que a sede desmedida de conhecimento, no sentido de profanar certos mistérios da natureza desemboca para consequências nefastas, e a de que qualquer ser amado pode ser bom, sendo que é necessário enxergar por detrás das aparências. Em revés, uma pessoa se tornará má se for humilhada e maltratada.

Essa edição da Darkside está um primor. Capa dura, fonte confortável e folhas amareladas de material pólen soft. Há figuras imbricadas no bojo no livro. 

Ao fim da história de Frankenstein, foram incluídos quatro contos de Mary Shelley, cuja temática em comum é a imortalidade. Os contos são: 1) Valério; 2) O Inglês Reanimado; 3) Transformação e 4) O Imortal Mortal. Todos são geniais, tal como a narrativa principal. Gostei, em especial, dois dois últimos contos.

A introdução do livro apresenta curiosidades a respeito da autora, tal como a informação de que a criação de Frankenstein se deu graças a uma aposta entre Mary Shelley e outros jovens vizinhos, estimulados por Lorde Byron, numa noite chuvosa. Byron propôs que cada um escrevesse um conto de fantasmas, pois tinham o hábito de se reunirem para lerem histórias de terror. Felizmente, Mary Shelley levou a sério o desafio originado desta tertúlia e nos brindou com esse clássico atemporal.

Se eu tivesse que elaborar uma lista de livros para serem lidos por qualquer pessoa, não haveria como deixar  Franskenstein de fora!!!!

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