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VERDADES ANTIGAS QUE JÁ NÃO SERVEM

Por Francine S. C. Camargo •
domingo, 3 de junho de 2018
"Para encontrar o que eu realmente podia esperar, primeiro teria que atravessar a minha verdade?"(A paixão segundo G.H - Clarice Lispector)

 Qual é o maior depósito de coisas inúteis?

 Gavetas? Quartos de bagunça? Desktops? Velhos baús embaixo da cama? À frente de tudo, o maior depósito de coisas inúteis é a mente.

 Quanta energia parada e sem propósito fica ali, lamuriando em nossos pensamentos!

 São as verdades antigas que decerto já não servem mais. Que, se escarafunchar bem, percebe-se que são apenas retalhos...de um tempo que se esgotou.

 Essas certezas antigas podem não ser mais suficientemente resistentes para preencher as lacunas do presente. Porque já não funcionam mais.

 E, uma vez estagnadas, são focos de contaminação. Crescem ali os germes, os vermes, os maus hábitos. Desvirtuam-se de preguiça, apatia e inércia.

 As verdades expiram, mas na memória ocupam espaço, sem renovação, com concessão de morada.

 Para não terem que mudar.

 Mas já não circulam. Travam.

 Não servem de guia. Escondem.

 Não iluminam pela rodovia. Obscurecem.

 Já não sabem orientar se é hora de partir, se o tempo é de parar, como alarme desativado, semáforo desregulado, ponteiro quebrado.

 Novos espaços esperam ser criados. Convicções pedem para ser estilhaçadas.

 Certezas não devem ser permanentes, mesmo que se ajustem, que moldem, que nos definam.

 Tal como roupas velhas, brinquedos quebrados e corações partidos, premissas largas ou apertadas demais precisam ser abandonadas.

 Verdades podem ser provisórias.

 É o que somos, por fim.

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