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[RESENHA] A SENHORA DE WILDFELL HALL

Por Bruno Marukesu •
quarta-feira, 22 de novembro de 2017
Autor (a): Anne Brontë
Editora: Record
Ano: 2017
Lido em: outubro de 2017
Nº de Páginas: 504
Onde Comprar: AMAZON
Livro cedido em parceria com a editora

 Anne Brontë (1820-1849) desafia as convenções sociais do século XIX neste romance, A senhora de Wildfell Hall. A protagonista da obra quebra os paradigmas de seu tempo como uma mulher forte e independente, que passa a comandar a própria vida. Ao chegar à propriedade de Wildfell Hall, a Sra. Helen Graham gera especulação e comentários por parte dos vizinhos. O jovem fazendeiro Gilbert Markham, por sua vez, desperta um grande interesse pela moça e, aos poucos, vai criando uma amizade com ela e com seu filho. Porém, os segredos do passado da suposta viúva e seu comportamento arredio impedem que o sentimento nutrido pelos dois se concretize, fazendo com que Gilbert tenha dúvidas sobre a conduta da moça. Quando a Sra. Graham permite que ele leia seu diário a fim de esclarecer os fantasmas do passado, o rapaz compreende os tormentos enfrentados por aquela mulher e as razões de suas atitudes. Ela narra sua história até então, desde a relação com um marido alcoólatra e de conduta abominável até a decisão de abandonar tudo em nome da proteção do filho.


A SENHORA DE WILDFELL HALL nos apresenta uma personagem que ao primeiro contato é reservada e demonstra não dar a minha para os seus novos vizinhos.

 O nosso protagonista é o jovem Gilbert Markham, mas fica claro logo nos primeiros capítulos que quem rouba a cena, e o coração de nosso jovem fazendeiro, é a misteriosa Helen Graham que na surdina se instala na mansão Wildfell Hall que para muitos era um lugar abandonado e um tanto misterioso. Dona de uma personagem forte e que não se deixa intimidar pela opinião alheia ela demonstrar querer somente viver para cuidar do seu pequeno filho chamado Arthur.

 Minha agonia no decorrer da leitura foi tentar desvendar as cicatrizes da Helen e o porquê de ser tão reservada e zelosa com o aventureiro Arthur chegando a me assustar a sua proteção demasiada, a mulher não deixa o filho se afastar muito dos seus olhos, tem que estar sempre a uma distancia segura e brincando com objetos que não tragam risco!

 Mas eis que a medida que o romance começa a brotar delicadamente entre Gilbert e Helen somos agraciados com a história em detalhes da nossa viúva através do seu diário que é compartilhado para o amado ver e conhecer de fato a mulher por quem nutre sentimentos.

 No início do enredo não me vi muito envolvido pois temos um jovem que vive num ambiente cercado de pessoas frívolas. Logo, não se tem ingredientes que despertem aquela vontade de se manter na história, mas quando chega Helen e nos apresenta a muitos custo sua vida é impossível não devorar as páginas e torcer para que o diário com o relato da protagonista nunca acabe.

 Com uma postura corajosa, conhecemos uma jovem que se rebelou contra um sistema familiar tradicionalista e fugiu para salvar o filho da perversidade paterna. A história da Srª. Graham mexe com corações emotivos e só posso exaltar a força de vontade dessa mulher que faz de tudo para manter em segurança aqueles a quem ama.

 A SENHORA DE HILDFELL HALL é um livro para ler com calma, é preciso saborear cada página e respirar todo o enredo profundamente. Posso afirmar que no final você irá colher bons frutos dessa jornada de 504 páginas. É uma linda história de amor tentando vencer os obstáculos de um tempo onde adultério era proibido e o amor devia ser encarcerado em nome da religiosidade e família.

 A autora consegue tratar com maestria assuntos que em sua época não eram comentados. Mesmo se escondendo através de um pseudônimo Anne Brontë reuniu forças para apresentar a realidade das mulheres de seu tempo que não podiam escolher os seus maridos, que eram prendidas em casamentos infelizmente pelo resto da vida e que divórcio era algo inconcebível seja socialmente como religiosamente.

 Com impecável construção de personagem e histórico pessoal, a autora soube dosar e apresentar ainda por cima a história de personagem secundários que trazem prazer e ódio tornando o enredo rico em todas as escalas da ficção.

 Claro que tenho algumas ressalvas (traduzindo: desprazer) em certas atitudes dos personagens, mas que numa reflexão profunda é compreensível. Afinal, eles refletem uma sociedade de outro século onde o livre arbítrio não existia e o julgamento familiar era um peso colossal em cima da vida de alguém.

 Com uma capa muito bela, a obra possui páginas amareladas, fonte das letras em tamanho relativamente pequeno e capítulos medianos. A narrativa é em primeira pessoa alternando orca com o Gilbert  ora com a Helen.

 É uma ótima leitura para aqueles que buscam clássicos que enfrentaram o seu tempo, que buscaram trazer reflexão sobre assuntos tradicionalistas que moldavam o mundo em que foram criados e que tiveram sua parcela de ajuda na concepção de nossa sociedade atual.

Comentários via Facebook

18 comentários:

  1. Fernanda Santos Barroso27 de novembro de 2017 23:27

    Livros de "época" me encantam por si só, mas juntando isso à crítica só aumenta ainda mais o meu prazer. Algo me diz que é um história que eu gostarei de ler. Sim, gostarei, no futuro, porque acabo de colocar na minha lista!

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    1. Oi, Fernanda ^^
      Gosto demais de livros com críticas sociais. Como você parece gostar só posso te dizer uma coisa: LEIA ESSA OBRA EM 2018!!!

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  • Ando pensando em ler clássicos e essa autora está na minha listinha faz algum tempo. Nunca tinha lido resenha desse livro, embora já queira lê-lo faz muito tempo. Fico feliz que tenha gostado e que mesmo tendo muitas páginas a estória não ficou cansativa. Já adicionei na listinha!

    Beijinhos!

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    1. Oi, Camila ^^
      Confesso que tenho certa dificuldade na leitura de clássicos mais por conta de me ater aos enredos do que a o momento histórico em que foi criado.
      A Senhora de WILDFELL HALL além de ser um clássico esquecido e não reconhecido é um livro profundamente crítico. Recomendar é pouco. :)

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  • Ola eu peguei um pequeno receio em ler esses romances"historicos" então eu passo essa dica eu ja li um livro das irmãs bronte e não gostei muito

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    1. Oi, Lara
      Sei como é. Mesmo gostando da irmãs eu tive um receio por conta de O MORRO DOS VENTOS UIVANTES que curti mas não vi tanta crítica social como encontrei nessa obra da Anne.
      Se pudesse te recomendar uma leituras dessas irmãs te recomendaria WILDFELL HALL. Não deixe a sua impressão da irmã dela te subjugar. Abraços.

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  • Oi, Bruno. Eu ainda não conhecia esse livro e já fiquei completamente curiosa com ele. A premissa me interessou muito e parece ser uma leitura excelente.

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  • Já tinha ouvido falar desse clássico e gostei bastante dessa edição. A capa está muito bonita! Adorei o post e a sugestão de leitura :)

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  • Oiee
    Pela sua resenha, parece ser um livro que pode me agradar muito, então já quero ler. Gosto muito de livros que retratam uma determinada épocas e seus devidos personagens que contribuíram para a sociedade que vemos hoje. Linda resenha e belas fotos, amei!
    Bjos, Bia!

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  • Oi, Bruno, tudo bem? Confesso que esse gênero clássico não me atrai. Gosto muito de literatura de costumes, mas tenho dificuldade para "entrar" na trama, sabe? Mas achei muito legal você trazer uma das irmãs Bronte menos famosa, já que a Charlotte é a mais conhecida. Confesso que a história desse livro não me convenceu muito, apesar de eu gostar dessa coisa de diário. Mas, ao mesmo tempo, acho que não é o tipo de leitura que quero para este momento.

    Love, Nina.
    http://ninaeuma.blogspot.com/

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  • Wellida Danielle1 de dezembro de 2017 22:26

    Olá, tudo bom?

    Eu nunca li nada da Anne Brontë por achar que não seria algo que eu gostaria, já que ela vivia em uma época bem diferente da nossa. Porém, a história que você descreveu é o oposto do que eu imaginava. Uma mulher que vai contra os costumes, se rebela e foge com o filho para salvá-lo já diz muito sobre a sua força e perseverança. É incrível pensar que ela mostrou as coisas ruins da época, onde as mulheres não tinham voz e fez uma história com isso.

    Enfim, adorei a postagem e agradeço a indicação :)
    Abraços.

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  • Ola,
    Lendo sua resenha fiquei pensando que minha mãe adoraria ler esse livro parece ser o tipo de história que ela curte ler, vou repassar a sua dica.
    Beijos
    Raquel Machado
    Leitura Kriativa
    https://leiturakriativa.blogspot.com.br

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  • Oiii!

    Eu não conhecia esse livro, acredita? Gostei de ver suas considerações e saber que é um livro que querendo ou não é atemporal. Pelo menos em sua mensagem. Gostei da critica!

    Beijinhos,

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  • Em um livro como este é sempre importante lembrar que o tempo é época eram completamente diferente do que temos hoje.
    Bjs Rose

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  • Kamila Villarreal3 de dezembro de 2017 11:51

    Olá!

    Não curto romances de época e, mesmo tendo sido escrito naquela época, não é o tipo de leitura que gosto. Enfim, que bom que curtiu a leitura e que lindas fotos, adorei!

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  • Oi Bruno... Fiquei surpresa ao ver que você que escreveu a resenha, afinal romances, ainda mais de época, costumam ser preferências femininas. Gostei de saber sua opinião... Fiquei muito interessada pelo título. Beijos

    Nara Dias
    Viagens de Papel

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  • Este livro parece ter uma narrativa intensa e por vezes cansativa, pelo menos para mim, que no momento ando buscando opções mais leves e rápidas devido a uma possível ressaca literária hahaha

    Mas vou anotar a sugestão para ler assim que melhorar.

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  • Oi Bruno,
    fiquei pensando sobre o que a personagem passou. Se hoje a violência dentro do lar é complicada, imagine naquela época onde a família e todos eram contra a mulher, mulher essa que era propriedade do marido. Estou ansiosa para ler esse livro. Parabéns pela resenha.
    bjs.
    Pri.
    http://nastuaspaginas.blogspot.com/

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