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[RESENHA] O MURO

Por Bruno Marukesu •
sábado, 18 de novembro de 2017
Autor (a): William Sutcliffe
Editora: Record
Ano: 2017
Nº de Páginas: 336
Onde Comprar: AMERICANAS
Livro cedido em parceria com a editora

Joshua tem 13 anos e mora com a mãe e o padrasto em Amarias, um lugar isolado no topo da montanha, onde todas as casas são novíssimas. Na fronteira da cidade, há uma barreira bem alta, guardada por soldados fortemente armados e que só pode ser cruzada através de um posto de controle. Ninguém deve entrar naquele lugar, e quem está lá não tem permissão para sair. Desde pequeno, Joshua sabe que, do outro lado daquela muralha, há um território violento e implacável e que O Muro é a única coisa capaz de manter seu povo em segurança. Desde pequeno, ele sempre ouviu que, do outro lado, havia um território proibido, um lugar violento e perigoso, do qual um garoto como ele deveria manter distância. Um dia, a bola de Joshua cai do outro lado do Muro e, ignorando tudo o que sempre ouviu, ele vai atrás dela e acaba descobrindo um túnel que o leva a uma realidade que jamais imaginou encontrar. Lá ele acaba caindo nas mãos de uma gangue sanguinária, mas a bondade de uma menina salva sua vida. Porém isso acaba desencadeando um ato de extrema crueldade e coloca Joshua em dívida com ela... Uma dívida que ele fará de tudo para pagar.

O MURO é narrado em primeira pessoa através dos olhos de Joshua, um jovem que vive numa cidade chamada Amarias e que em seu pequeno e limitado mundo é cercado por muros altos separando o cenário de casas novas que conhece de um mundo que nunca imaginou.

 Tendo sua mãe como sua única família e um padrasto horrível como carrasco, o jovem tem um único amigo chamado David que de companheiro não tem nada. Nunca pensei que eu fosse desgostar de uma criação medrosa e desleal, mas David acendeu esses sentimentos em mim.

 Após deixar sua bola cair acima do muro, Joshua cria coragem e vai atrás do seu bem precioso e é ai que o mundo do jovem desmorona e ele é apresentado a todo uma trama que é preciso o leitor aguentar o nó na garganta, se houver sensibilidade na leitura, para seguir em frente.

 Realmente a obra emociona aqueles que já passaram por leituras cruéis e duras como A MENINA QUE ROUBAVA LIVROS ou que viram as adaptações cinematográficas de O MENINO DO PIJAMA LISTRADO  e O DIÁRIO DE ANNE FRANK. Não é fácil acompanhar o jovem na busca de tentar compreender o porquê de ter uma cidade tão pobre e faminta tão perto da sua que é nova em folha com pessoas esbanjando carros, roupas de grife e casas impecáveis.

 Ao transcorrer aquele muro Joshua não somente conhece outra realidade diferente da sua, ele cresce. É como se houvesse um véu nos seus olhos desde que nasceu, mas que agora é retirado e apresentado a vida.

 Leila é uma jovem que fiquei bastante desconfiado uma vez que seu comportamento vai contra a todos ao seu redor que julgam com louvor aqueles que vivem do lado rico do muro. Ela ajuda Joshua a sair de uma perseguição sem cobrar nada. Entretanto, o pai dela cobra e isso não é uma atitude louvável. Sorte que ele ajuda no crescimento de Joshua que de repente passa a acontecer muito rápido!

 O jovem passa a cuidar de um pomar da família de Leila que só pode ter acesso a um curto período de tempo. O local aos poucos começa a se revitalizar, mas reviravoltas cruéis acontecem e fiquei extremamente irritado com o autor ao mostrar atitudes de um ser desprezível que pode até soar clichê, mas que existe de peso em todos os cantos, infelizmente, do planeta.

 Joshua é o protagonista, mas me vi torcendo para a mãe dele, que é uma mera coadjuvante, vir a luz e tomar novamente as rédeas de sua vida e guiar com sabedoria a do filho. Foi bastante frustrante no começo ver essa mulher estar tão submissa no relacionamento e aceitar tudo que o seu esposo mandava. O mais chocante é ver que o Joshua reconhece a submissão da mãe e tenta abrir os olhos dela a todo momento, mas falhando.

 Conclui a leitura levando comigo reflexos que há tempos havia parado de fazer. O autor somente usou a ficção para reforçar os conflitos que vem acontecendo no Oriente Médio e que parecem nunca ter fim. É um enredo carregado de significado que se você conseguir filtrar verá que é uma obra para toda a vida, que ensinará para sempre.

 Joshua é mais do que carismático, é um guri forte e destemido. Foi muito bom acompanhar o seu crescimento e como ele lidava com o desconhecido.

 A edição física da obra possuí uma capa linda com um elemento significativo para o enredo e que traduz todo um sofrimento contido. As páginas são amareladas. Os capítulos são medianos e a fonte das letras é grande que aliada a escrita fluída e lírica do autor proporcional uma leitura rápida e emocionante.

 Reforço a recomendação que a obra irá emocionar e trazer novas reflexões para os leitores de A MENINA QUE ROUBAVA LIVROS, O MENINO DO PIJAMA LISTRADO e O DIÁRIO DE ANNE FRANK. Se abra para o aprendizado de O MURO.

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