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SUCESSÕES DE DESISTÊNCIAS

Por Salvattore Mairton •
domingo, 5 de fevereiro de 2017

 Desde que nascemos somos condicionados a exercer algumas tarefas que foram catalogadas antes de estarmos aqui. Algumas dessas funções, se não forem exercidas, implicarão no bom andamento da sociedade e no crescimento pessoal. À medida que o tempo passa, essas “obrigações” têm me causado um estranhamento interno. De uns tempos para cá, venho me espantado com a passagem do tempo — tempo esse que sempre está um passo à frente de todos nós. 
 Explico: é que encontrei, dia desses, numa loja qualquer no centro da cidade, uma amiga com a qual fiz um juramento: desde pequenos tínhamos jurado um para o outro que nunca iríamos nos separar, mesmo com a passagem dos anos, mesmo se casássemos, mesmo se cada um fosse morar em outro país, pois tínhamos feito um acordo: um tinha que ligar para o outro para conservar a amizade até o fim dos nossos dias. 

 Ao vê-la, lembrei-me desse acordo que fizemos, ainda, na 5ª série. Perguntei como ela estava, o que tinha feito da vida, se casou, se está feliz. Enfim, disse ela, quando trocamos meia dúzia de palavras, que mudei muito. (É o que se espera, não é? Mudar com o tempo?) Resumindo a história: nos abraçamos e cada um seguiu seu destino. 

 Em seguida fui até ao cartório e finalizar outros afazeres com algo dentro de mim incomodando. Como pode, uma amizade que parecia ser tão fraterna, se fragmentar desse jeito? 
Vim embora refletindo sobre o assunto até chegar à conclusão de que esse é o ciclo da vida. Construímos amizades e vínculos por períodos determinados. Se eu estiver sendo provinciano me corrijam, mas a cada dia que se passa fico mais convicto de que não há amizade que “dure para sempre”. As pessoas entram em nossas vidas por um breve período; e quando fechamos o ciclo, em um determinado momento, elas vão embora, permitindo que outras pessoas entrem nas nossas vidas estabelecendo novas experiências até que venha outro ciclo.

 Se meu conceito estiver certo, essas sucessões de desistência se implicam a todas as áreas de nossas vidas, inclusive profissional. Porque, durante todo o percurso, entramos por uma porta, depois saímos por essa mesma porta levando uma bagagem de experiências que se perderam brevemente. E nesse pequeno intervalo de tempo entramos em outra porta e saímos novamente. É nessas sucessões de desistência que a gente vai, aos poucos, se fazendo. Expandindo os horizontes, obtendo novas experiências e se autoconhecendo. Se desconstruindo para ganhar novos saberes. 

 Esse é o ciclo da vida. Uma etapa alcançada atrás da outra. Até encontrarmos a porta definitiva: aquela que não cabe bagagem, não cabem sonhos, não cabem amigos, não cabe ninguém além de nos mesmos. O vácuo do nada. Esse é o nosso destino: a porta da eterna dormência. 

Por: Leandro Salgentelli

Comentários via Facebook

52 comentários:

  1. Oi Leandro!
    Olha, que texto maravilhoso! Acredita em mim se eu disser que fiquei sem palavras? Realmente as pessoas entram e saem da nossa vida em um ciclo constante e hoje eu entendo que é assim que as coisas são pois nada é para sempre, o que não significa que as pessoas que já passaram serão esquecidas. Elas só seguiram uma estrada diferente, escolheram um caminho diferente e é assim que é a vida.
    Beijos!

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    1. Leandro Salgentelli6 de fevereiro de 2017 13:20

      Larissa, muito obrigado pelo carinho de sempre. Seu comentário é um daqueles que dá vontade de imprimir e colar na parede e reler toda vez que bater uma alegria pra lá de boa. Em relação ao texto, venho pensado muito nisso de uns tempos pra cá, com a força da internet, todos parecem estar tão próximos... (Próximos virtualmente, mas ainda prefiro o abraço). Enfim, vivemos de ciclos o que nos resta é aceitar e seguir adiante. Um beijo bem carinhoso pra você.

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  • Blog Livros e Ideias da Drica6 de fevereiro de 2017 17:14

    Oi, Leandro!
    Que texto profundo! E muito real. Difícil lidar com a passagem do tempo. A gente tem que estar sempre verificando nossas prioridades. Adorei ler seu texto. Faz a gente refletir o que estamos fazendo do nosso tesouro chamado "tempo".
    Abraço,
    Drica!

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    1. Leandro Salgentelli7 de fevereiro de 2017 18:57

      Adriana, obrigado pelo carinho. Que bom que contribuiu com algo. Refletir é sempre importante, ainda mais numa época dessas que estamos vivendo, em que somos entupido de informações. Um beijo carinhoso.

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  • Olá
    Seu texto é muito bom, quando vivemos uma amizade legal, a gente realmente acha que vai durar para sempre, mas a verdade é que nossos objetivos mudam e cada um vai atras de seus próprios objetivos, e muitas vezes até a família se separa. Mas como você disse, outras pessoas chegam para ocupar os espaços vazios, essa separação raramente é traumatica e sim natural, de repente você percebe que já não vê aquele amigo faz tempo.

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    1. Leandro Salgentelli7 de fevereiro de 2017 18:59

      Daniele, você me capturou, estou sem palavras. É exatamente isso. Obrigado pelo carinho e um beijo carinhoso. <3

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  • Estava pensando sobre isso nesses dias, acredita? Foi quando reencontrei velhas amigas de infância, que por algum motivo (sem brigas) perdemos o contato. Chegamos a conclusão que a gente cresce, vira adulto e as responsabilidades vem e por isso nos afastamos.

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    1. Leandro Salgentelli7 de fevereiro de 2017 19:04

      Tainan, eu acredito que tudo tenha se dado assim, mas cá entre nós, não é triste ver uma amizade se fragmentar dessa maneira? Enfim, a vida segue. É o que nos resta. Um beijo carinhoso.

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  • Ótimo texto, acredito muito que algumas pessoas passam por nossas vidas e acrescentam algo, apenas passam e depois seguem seu rumo para acrescentar algo a mais nas vidas de outras pessoas, amizades de anos a fio, também existem mas todo ser humano muda, e muitas prioridades mudam conforme fases da vida. beijos

    Joyce
    Livros Encantos

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    1. Leandro Salgentelli7 de fevereiro de 2017 19:06

      Joyce, acredito no que disse. Acho que existe algo muito maior que foge da nossa compreensão. Como esta agora, eu aqui e você aí, um falando com o outro. A vida é mágica. Um beijo.

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  • Lendo esse belo texto pude refletir sobre minhas amizades ao longo do tempo. Sim, muitas pessoas foram amigas por um determinado ciclo. Algumas consideradas colegas de trabalho, outras com quem eu tinha mais afinidade, a amizade continuou. Uns eu vejo com uma certa frequência, outros perdi o contato. Na infância tive amigos que ainda fazem parte da minha vida.

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    1. Leandro Salgentelli7 de fevereiro de 2017 19:08

      Cidália, obrigado pelo comentário de sempre. Como nossos focos mudam diariamente, não é mesmo? Amigos que temos que daqui a pouco podemos não ter. Essa é a vida nos dizendo que é assim mesmo tudo se vai. O que é bom são as lembranças. Um beijo carinhoso.

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  • É uma boa reflexão. Já passei por esses momentos na vida, principalmente na vida profissional. Em ter planejado certo caminho e no meu dele acreditar que a felicidade está em outra coisa, e acabar me dedicando a diversos projetos ao mesmo tempo. É como você escreveu, as vezes entramos pela porta e geralmente saímos transformados pelas experiências. É exatamente com me sinto hoje.

    Parabéns pelo Texto!

    Att,
    Gabriel José

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    1. Leandro Salgentelli7 de fevereiro de 2017 23:54

      Gabriel, muito bacana seu comentário. Esse é o maior valor da vida: a experiência que adquirimos e as vivências, que a cada dia nos torna maior. Obrigado por compartilhar suas vivências. Desejo boa sorte com essas novas experiências. Um forte abraço.

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  • Interessante o texto. Me fez lembrar de pessoas que há muito tempo não encontro. Ao mesmo tempo, me lembrou daquelas que conheci há anos e que ainda estão ao meu lado. Relacionamentos e laços mudam com a vida, alguns ficam e outros se vão, e é disso que cada um faz a própria história! Abraços.

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    1. Leandro Salgentelli7 de fevereiro de 2017 23:50

      Olá, obrigado pelo comentário e o carinho. Sim, pessoas entram e sai das nossas vidas num piscar de olhos, pois o tempo anda correndo e a gente nem percebe sua passagem. O bom é as lembranças que ficam. Um abraço.

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  • Olá,

    Texto bem pontuado e suas teorias estão bem corretas. O acaba dificultando as pessoas em entenderem que nenhuma relação é para sempre, é a impregnação do romantismo nos relacionamentos. Somos bombardeados com a ideia de "para sempre" e pronto...vamos achando que teremos quem amamos ao nosso lado até o fim das nossas vidas, mas com o tempo vemos que as pessoas vem e vão em nosso cotidiano, acrescendo conhecimentos e lembranças que nos acompanharam até a morte.

    Beijos!

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    1. Leandro Salgentelli9 de fevereiro de 2017 00:27

      Joanice, obrigado pelo comentário. Exatamente, temos a cultura do pra sempre enraizado ainda. Por outro lado, uma amizade pode ser eterna, enquanto estivermos aqui, através das lembranças boas, dos sorrisos dado numa hora inusitada, uma gargalhada, isso a gente leva pra sempre. Um beijo carinhoso.

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  • Adorei o texto e me fez lembrar de uma pessoa muito querida que costuma dizer: É a vida que acontece na vida da gente! Quando eu era criança não entendia isso, mas hoje faz todo o sentido!! Rs...
    Beijos
    Camis - blog Leitora Compulsiva

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    1. Leandro Salgentelli9 de fevereiro de 2017 00:29

      Own, Camila, obrigado pelo comentário tão instigante. Torço para que encontre essa pessoa querida e diz isso pra ela, que se lembra de tudo. As amizades podem ter um fim físico mas pode ser eterna na memória da gente. Um beijo.

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  • Oiee Leandro ^^
    Sei de algumas amizades que duram anos, décadas e muito mais, mas não acredito que nenhuma dure para sempre. Na verdade, nada dura para sempre, né? Pelo menos é o que eu acho. Acho interessante, e um pouco triste também, que alguém sempre saia da nossa vida para que outra pessoa possa "entrar", e assim sucessivamente.
    MilkMilks ♥

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    1. Leandro Salgentelli9 de fevereiro de 2017 00:33

      Dryh, você está coberta de razão conheço inúmeras pessoas (inclusive minha mãe) que tem amigos desde a infância. Mas no texto me refiro as amizades dessa juventude de hoje, como todos estão plugados nas redes sociais 25 horas, correria, trabalho, faculdade, isso vai distanciando quem queríamos por perto. Essa nova era são mais desencanada em manter uma relação duradora. Adorei seu comentário porque realmente é muito triste ver uma amizade se fragmentar. Um beijo bem carinhoso pra ti. <3

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  • Adorei o texto, me fez refletir muito e traduz muito o que vivi. Na verdade todos nós já fizemos essas mesmas promessas pros nossos amigos, ou namorados, aí vem a vida é mostra que não sabemos de nada, que é ela quem decide quem fica ou não fica nas nossas vidas! Texto incrível, parabéns

    MEMÓRIAS DE UMA LEITORA

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    1. Leandro Salgentelli9 de fevereiro de 2017 00:35

      Suzane, incrível é o seu comentário. Muito obrigado, viu? Depois de longos anos a gente se dá conta que promessa nenhuma pode ser concretizada (nesse sentido), pois controle da vida realmente não temos nenhuma.

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  • Bom, na minha vida isso se aplica a alguns casos e a outros não. Tenho muitos amigos de infância, alguns desde uns 7 anos de idade, da época de escola. Pode até ter momentos em que falo menos com eles, mas nunca perdi o contato. Tem uma turma de "vizinhos" em que cada um foi pra um lugar mas estamos sempre nos falando e nos reunindo. Mas também tenho essas amizades por ciclos, com certeza. É triste vê-las indo embora, mas é super normal nisso acontecer.

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    1. Leandro Salgentelli10 de fevereiro de 2017 18:27

      Ju, sei exatamente do que está falando. Mas sabe qual é o meu incômodo. É que aqui onde moro tem o famoso "vamos marcar alguma coisa", esse marcar é ir ao shopping, ir a um restaurante, mas não é isso que fortalece a amizade, sabe? É um ir a casa do outro, um ficar amigo da mãe do outro, um conhecer a família do outro. Morar numa grande metrópole dá a sensação de que até a amizade está sendo corporativa. E isso que me entristece.

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  • Também penso assim. Desde que comecei a aceitar que a vida é feita de ciclos em suas mais diversas formas, foi mais fácil assimilar algumas situações.

    Acredito que eu tenha uma amiga de infância apenas, mas não nos vemos há alguns anos. Sinto falta às vezes de tê-la por perto, mas a danada foi pra Irlanda hehehe. Mas é tão bom quando a gente consegue ficar nem que seja poucos minutos no telefone, parece que nem faz tanto tempo assim que a gente nãos e vê.

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    1. Leandro Salgentelli10 de fevereiro de 2017 20:52

      Alessandra, que relato bonito. Tem algumas amizades que precisam ser infinitas, não é? É o sorriso do outro, a forma como fala, as burradas que fazem, enfim, a gente sente falta. E quando crescemos priorizamos outras coisas. É a vida. Mas que dá saudade, isso dá. Obrigado pelo comentário. Um beijo.

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  • Olá!

    Que lindo texto! Volta e meia penso nisso também, principalmente quando encontro amigos de infância e eles, para mim, passam como completos estranhos, pois o tempo passou e não fizemos nada para conservar a amizade. Obrigada por suas palavras!

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    1. Leandro Salgentelli12 de fevereiro de 2017 15:39

      Kamila, eu que agradeço pelas palavras e pelo carinho. Muito bacana seu comentário. Volte sempre, viu? Um beijo.

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  • Ana Caroline Santos12 de fevereiro de 2017 22:27

    Olá, tudo bem? Que texto tocante. Bastante reflexivo, nos faz pensar na vida e de como vamos levar. Tem ótima percepção para escrever hein? Adorei!
    Beijos,
    diariasleituras.blogspot.com.br

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    1. Leandro Salgentelli13 de fevereiro de 2017 00:16

      Carol, eu estou bem e você? Que bom que te tocou. Chamam essa percepção de inspiração. Tudo me inspira. (rs) Um beijo.

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  • Olá.

    Eu também acho muito difícil uma amizade que dure para sempre. Concordo completamente com você! Eu também tinha uma amiga que achava q nossa amizade seria eterna. Mas na primeira oportunidade que ficamos sem nos falar, tudo mudou. Já não eramos mais as mesmas, sabe? Você escreve muito bem. Suas palavras são bem profundas e tocam na alma.

    Beijos,
    Respire Literatura

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    1. Leandro Salgentelli15 de fevereiro de 2017 17:12

      Mari, que bom que gostou do texto. Fico muito feliz com esse retorno de vocês, mas a vida é assim mesmo, vivemos de ciclos. Um beijo bem carinhoso pra você. Volte sempre.

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  • Oi Leandro, tudo bem?
    Nossa... eu to sem palavras sabia?
    Esse é o segundo texto que eu li seu e tenho que dizer, a mesma emoção e intensidade me foi transmitida e mais um tapa na cara que eu tinha que receber.

    beijos
    Livros & Tal

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    1. Leandro Salgentelli15 de fevereiro de 2017 17:34

      Olá, eu estou bem e você? Nossa, agora quem está sem palavras sou eu. Obrigado pelo carinho de sempre. Que bom que o texto de deu um abraço bem forte, isso demonstra que temos muito em comum. Um beijo enorme.

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  • Eu realmente amei seu texto e ele parece definir tudo que eu estou passando no momento,essa transição de escola para faculdade, faculdade e começar a trabalhar, todos os meus amigos de escola que eu achava que iria levar para vida, hoje não conseguimos nem manter uma conversa de dez minutos sem ficar um clima constrangedor,acho que estamos mudando e evoluindo a cada dia e isso nos torma cada vez mais diferente do que éramos e aquela identificação que tinhamos com algumas pessoas desaparece e começamos a nos identificar com outras e isso vai ocorrendo até o final de nossa vida, ótimo texto, gostei muito, bjs !!!!

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    1. Leandro Salgentelli15 de fevereiro de 2017 17:31

      Gabi, você me capturou: é exatamente isso. Obrigado pelo comentário tão especial. Volte sempre e desejo sorte nessa nova etapa de sua vida. Um beijo carinhoso.

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  • Olá!
    Adorei o seu texto! Captou muito bem toda essa essência de transição que todos nós passamos. Gostei muito de como você desenvolveu esse texto, trouxe uma questão muito real a ele.
    Beijos.

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    Respostas
    1. Leandro Salgentelli16 de fevereiro de 2017 12:24

      Carol, obrigado pelas palavras e pelo carinho. Fico muito feliz que tenha gostado. Um beijo carinhoso.

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  • Olá,
    Caramba, fiquei chocada com esse post. Me identifiquei muito por estar passando por uma situação semelhante, quando uma amiga se afastou de mim. Achei interessante como você vê essas amizades, como temporárias e fundamentais. Achei incrível.
    Parabéns!
    Delírios Literários da Snow

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    1. Leandro Salgentelli1 de abril de 2017 17:18

      Carolina, adorei seu comentário, no isso acontece isso mesmo, há um certo espanto, mas aos poucos você vai lindando melhor com essa transitoriedade que é a vida. Um beijo bem carinhoso, fico feliz que tenha gostado do texto. <3

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