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Tardiamente (By Aila Sampaio)

Por Salvattore Mairton •
terça-feira, 3 de julho de 2012


Um dos mais difíceis aprendizados é o da espera. Sobretudo se não sabemos quando virá o que tanto esperamos ou mesmo se virá. Arriscamos, muitas vezes, subindo de joelhos os degraus do tempo, expostos ao sol, mas presos à esperança de que teremos o que desejamos. Secam os rios, desbota a nossa pele e, submersos noutras necessidades bem mais prementes que vão se avolumando, colocamos a um canto dos quereres, numa caixinha de guardados que vai embolorando, nosso tão precioso bem (quase) inatingível. 

Acontece, não raro, que quando estamos distraídos, já com a frustração do não-vir se resolvendo, bate à porta o objeto dos nossos sonhos, com todos os eflúvios do que chega por vontade... Pois não é que  nos constrangemos com o querer sentir alegria e não sentir? A sem-graceza nos comove... O produto perdeu a validade, deteriorou-se pelo caminho longo, extraviou o brilho do tecido. Demoras extensas demais esgarçam a emoção. Melhor talvez seria nunca ter chegado (ou não tão tardiamente). Desejos, como crimes, também prescrevem.

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