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Como Surgiu a Música Gospel?

Por Salvattore Mairton •
sábado, 10 de março de 2012


A Música Gospel nasceu no Sul dos Estados Unidos, no início do Século XIX. Enquanto os negros trabalhavam na colheita de algodão, sofriam na pele os maus tratos da sociedade Americana, que faziam questão de serem racistas. O trabalho era árduo e para sentirem um pouco de alívio enquanto o  sol castigava a pele, eles entoavam canções de lamento, sons que eram produzidos pela alma sofrida, angustiada e cansada. Os negros não eram aceitos como seres capazes de dialogar com suas lideranças, assim desabafavam suas tristes emoções cantando.
Neste ambiente, nasceu o “Blues”. Uma música com característica melodiosa e triste, que tem a ver com o sentimento daquele povo traduzido em canções. Mais tarde esta música invadiu os templos, trazendo ao participante do culto, a certeza que suas orações, súplicas  e sermões eram aceitos por Deus.
Gospel, quer dizer “Evangelho”.
E o movimento no Brasil?
Desde que os Europeus começaram a Evangelizar o Brasil,  os missionários, trouxeram junto com a bagagem de ensinos bíblicos, os costumes do País de origem. Por exemplo, as gravatas, hábitos alimentares e na forma de cultuar e louvar com suas musicas. Ensinavam em todas as reuniões os hinos tradicionais e também os pequenos refrões, o que a gente chama de “corinhos”, para dar aos cultos um ar de alegria e também servir de atrativo para os novos adeptos da fé evangélica.
Aos poucos foram se organizando e sentiram necessidade de ter na língua portuguesa o “Cantor Cristão e a Harpa Cristã”, que acabou se tornando um hábito dentro das igrejas, durante os cultos.
O tempo foi passando e novos instrumentos começaram a ser introduzidos na liturgia do culto. Órgãos, pianos, violinos, aos poucos violões e as guitarras elétricas e quem diria, a bateria!
A musica dentro do templo passou a ser algo exclusivo dos corais, uma forma de reunir pessoas e mantê-las juntas o maior tempo possível, impetrando assim não só a musica, mas também os ensinamentos e a disciplina Cristã.
Com o surgimento de novos cantores, que se diferenciaram dos demais pela performance e qualidade  vocal, os mesmos começaram a buscar espaços e a registrarem suas musicas em vinil pelas gravadoras da época.
Com o passar do tempo a Musica Gospel Americana, ganhou espaço em televisões, rádios, teatros e praças publicas e assim, varias denominações contribuíram com a música Pop Americana e revelaram ao mundo, artistas como Ray Charles, Elvis Presley, Tina Turner, Stevie Wonder e tantos outros. Tudo era muito bem produzido e ainda é até hoje.
Com o Brasil Tri- Campeão de Futebol, a juventude Brasileira, começou a adotar um novo comportamento, pois o que ouviam nas rádios era uma boa musica chamada “Bossa nova”, com ritmos e harmonias diferentes, sem contar que a “Tropicália”, movimento da MPB, estava a todo vapor. Isto surtiu um enorme efeito dentro das igrejas, obrigando a moçada dos anos 70 a se contextualizarem, para que a sua musica e o evangelho ganhasse espaço nas escolas e fossem aceitos pela sociedade da época.
Com a chegada de novas tecnologias e informações, a juventude Cristã se viu obrigada a sair dos templos e fazer algo parecido com o que rolava pelo mundo afora. Porém como criar e fazer algo, sendo que a raiz musical impetrada na mente do povo Brasileiro era o Samba e seus derivados afro-culturais e claro, os enlatados que permeavam as rádios e Tvs nos mais variados estilos em busca de audiência.

Assim pintou no cenário evangélico Brasileiro o Grupo Elo, liderado por Jayrinho e Paulão que mais tarde com a morte do Jayrinho, veio a se chamar “Grupo Logos”. Eram canções que abençoavam e que deixou marcada uma geração. No mesmo embalo veio os “Vencedores por Cristo, o Milad, Feliciano Amaral, Luiz de Carvalho e tantos outros que não consigo mencionar”.
No cenário popular, os Beatles e os Rolling Stones, junto com Bob Dylan e tantos outros, faziam ecoar pelo planeta a marca de uma geração  Rock and Roll, que teve seu ápice no maior e mais cultuado festival musical já registrado na História da música, o lendário “Woodstock”. Era a rebeldia em cena, dando uma resposta ao conservadorismo e a  hipocrisia que vivia a sociedade Americana.
Como as coisas tendem a ser copiadas pra “ver se vai dar certo”, pipocaram por todo Brasil nos anos 70 e 80, grupelhos e bandinhas de garagem, que vieram a se tornar celebridades musicais no mundo artístico, tais como:  A Cor Do Som, Paralamas do Sucesso, Roupa Nova, Placa Luminosa, Rita Lee, Barão Vermelho, Raul Seixas, Inimigos do Rei, Nenhum de Nós, Legião Urbana, Kid Abelha, Camisa de Vênus, Capital Inicial e tantos outros…
Janires, um divisor de águas
Como fruto deste momento na história, chegou no cenário Cristão um  moço chamado “JANIRES”.
Estilo Hippie e com um passado bastante complicado e confuso, pois o mesmo estivera envolvido com Drogas e loucuras mil até se encontrar com Jesus e sua trajetória mudar completamente.
Assim, fundou o Grupo Rebanhão. Tocava de tudo um pouquinho, de Rock a Baião. Fez um belíssimo trabalho, deixando marcas profundas na nossa Cultura Musical Cristã, com letras inteligentes e ritmos modernos e contemporâneos. Quem de nós, Cristãos Brasileiros nunca ouviu esta canção? “Minha vida que era muito louca…Só faltei correr atrás de avião”…
Como tudo na vida tem seu tempo, em 1986, com a sua saída do Grupo Rebanhão, Janires mudou-se para a capital mineira, vindo a integrar e se tornar líder daquela que seria a sua ultima banda, a Banda Azul.
Orgulhosamente me tornei baixista e vocalista ao lado de Janires, Dudu Batera, Du Guita e Guilherme Praxedes. Éramos um quinteto fantástico. Nos tornamos resposta e referência para a Juventude Cristã da época. Desbravamos os “Brasis” existentes em cada Estado Brasileiro.Viajamos Brasil a fora, apresentando em Igrejas, Teatros, Faculdades, Praças e isto aumentava a cada dia, pois pintavam os convites para abrir novas frentes de trabalho. Milhares foram tocados pelo nosso ministério.
Entramos em estúdio no Rio de Janeiro em junho de 1987, gravamos nosso primeiro LP, Espelho nos Olhos, e antes que Janires visse o nosso trabalho se tornar vinil e ser adquirido pela juventude que conquistamos em todo Brasil, um acidente no dia 11 de janeiro de 1988, interrompe a carreira daquele, que tenho orgulho de dizer, foi o maior poeta musical da nossa geração.
Sem o grande líder musical, ficou difícil, mas assumimos o legado deixado por ele, dando continuidade ao Movimento Gospel Brasileiro, nos tornando a maior banda de gospel rock da época, incluindo no vocabulário musical cristão a palavra “Gospel”, para nos diferenciarmos dos demais e sermos aceitos com um pouco mais de facilidade pelo meio Cultural secular daquela época.
Assim começou o movimento Gospel Brasileiro. Após este período, a força desta musica  tomou conta das rádios e programas de TV, vindo do Estado de São Paulo  com os Grupos Oficina G3, Katsbarnéia com Brother Simion e Banda Resgate, do Rio veio o Novo Som, Banda e Voz, Sinal de Alerta, Altos Louvores e tantos outros.

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