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[FRANCA MENTE] MULHER PLENA

Por Francine S. C. Camargo •
domingo, 8 de março de 2020

ELA NASCE MULHER-ÁGUIA.

 Surge, assim como qualquer outro ser, entremeada de lágrimas e vérnix, enrugada e chorando seus medos e as ausências que já antecipa desde o início da vida. Busca conforto, acolhimento, uma voz e um abraço para chamar de seu ninho, mas sabe que ainda haverá muito pelo que chorar.

 É elemento a se adaptar, buscando o amanhecer, mesmo inconsciente. Guarda emoções aos montes e irá descascar uma a uma, nada entendendo de início, talvez nunca entendendo, mas se movendo...em busca de paz quando tudo era prisão.

 Ela se torna Mulher-Fogo.

 Então ela floresce, abre-se ao mundo com a energia em ápice e vontades explodindo em seu corpo. Toda ela anseia por transformações que a tornem algo inédito, mas ela ainda não sabe e custará a saber: pois ela já é luz, mas não sabe que ilumina; já é faísca, mas não sabe que também pode queimar; já é ágil, mas tem receio de sair do lugar. Muitas vezes, o medo dessa metamorfose é tamanho, que ela se fecha em casulo, esconde o rosto e a carne, sublima o desejo e a náusea, nomeia-se em pudores, quando a alma grita por liberdade.

 Apesar da melancolia, ela espera a dor passar.

 Ela se firma Mulher-Terra.

 Quando as rodas se descarrilhavam e de tanto tombar estafante ao chão, de repente ela se descortina sólida, ereta e com os pés firmes apoiados no solo, mas não fincados. Tenta criar raízes, tantas raízes possam existir para que ela se expanda, no entanto, ela se dispersa nas terras que julgar férteis, cresce, fertiliza  e gera o que tiver que gerar: filhos, amigos, alunos, seguidores, livros, amores, memórias...árvores que frutificam, moradas imutáveis ou passagens por lugares onde nunca mais voltará.

 De mistério e força constrói seus dias no lado invisível da vida, seca ou molhada, superfície tocável ou profundeza, para onde um dia voltará.

 Ela flui como Mulher-Ar.

 Como um sopro de inspiração, ela passeia lentamente ora em brisa, ora acelera em turbilhão, porque já é leve, serena e quem comanda sua trajetória agora é seu saber. Seu caminho é silencioso, mas ela não precisa de ruído para incomodar. Com um olhar, um sorriso, uma palavra, um beijo, um toque pode embaraçar os cabelos, balançar as estruturas e abalar pensamentos tidos como certezas.

 Sonha ainda, mas agora plaina tranquila, sem pressa alguma.

 Ela se alheia como Mulher-Espírito.

 Finalmente ela é tudo junto, ciclo completo, círculo que une em si todos os aspectos: vastidão, calor, macicez, purificação e equilíbrio.

 E tanto já andou, tanto já chorou, sofreu, gritou, calou, tantas vezes já morreu e renasceu em cada elemento, perdeu-se e apoderou-se novamente de si, que agora só pode fazer aquilo que melhor a define: ela segue Mulher-Paz.

Por: Francine S. C. Camargo

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