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AMORES MAL RESOLVIDOS

Por Leandro Salgentelli •
sábado, 15 de fevereiro de 2020

VOCÊ VIVE UM RELACIONAMENTO mal resolvido? Faz uma análise aí, lembra daquele amor que a fez cometer loucuras, que se queixava do motivo de ainda estarem juntos, que de alguma forma a fez sentir a pessoa mais amada do mundo e de um dia para outro tudo acabou? Como foi esse término, ainda há ressentimento?


 Há quem diga que ficamos mais presos a um amor quando ele termina do que quando ficamos na relação. Faz até sentido, após o término não pensar em outra coisa a não ser no dito cujo, a visualizar o WhatsApp a fim de verificar se está online, com quem está conversando, o que está fazendo e, nessa neurose toda, é comum que o ódio aumente a ponto de atazanar o coitado pelo próprio silêncio. Quem nunca?

 Penso que todos nós passamos por esse estresse emocional, de ficar sem dormir, de acolher a solidão nas madrugadas longevas. É até engraçado falar sobre isso porque tenho uma amiga que acha que esse desajuste emocional é por não haver uma conversa franca entre o casal. Ela acha que essa conversa deve existir até que ambos cheguem a um acordo que o para sempre acabou — mesmo. Diz ela que quando não há esse bate-papo sempre fica uma gaveta aberta. Fiquei preocupado com essa conversa, afinal, quantas gavetas abertas somos capazes?

 Seria o ideal mesmo que esse diálogo existisse, mas para ter essa conversa seria importante perceber os ressentimentos antes de virem à tona. Perceber as queixas, a raiva, o incômodo e verbalizassem no durante. Afinal, como ter essa conversa quando ainda se tem a dependência emocional e falta a coragem de encarar e dizer “não te amo mais é melhor que paremos por aqui”?

 Admiro quem consegue essa proeza e compreendo também quem não consegue. Porque é muito difícil sair de um relacionamento, envolve mudanças de hábitos, o que fazer com o tempo livre, o que fazer com que sobrou de nós depois do rompimento. É uma pequena morte, difícil lidar com isso tudo e leva-se tempo para digerir.

 Mas voltando as gavetas abertas, fico pensando: se o relacionamento chegou a tal desgaste, onde um já não compreende o outro, onde a falta de respeito sobressai, por que insistir na verbalização de um desfecho quando as atitudes já demonstram o fim? Penso que é alimentar ainda mais o sofrimento, a mágoa, o rancor.

 É possível que as gavetas fechem sozinhas, e não é o tempo que ameniza, mas, sim, nossa capacidade de repensar sobre o que aconteceu, ressignificar o sentimento, perceber o aprendizado, o que não se deve repetir, qual foi a parcela de contribuição para chegar ao conflito e, sobretudo, parar de alimentar um amor que já é sabido sua falência.

 Ao chegarmos a essa compressão aí, sim, alcançaremos a liberdade para tocar a vida em frente.

Por: Leandro Salgentelli

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