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NO SOFÁ | CRÍTICA: ELISA E MARCELA (2019) - LGBT +

Por Pedro Fontes •
quarta-feira, 31 de julho de 2019

Imagem autoral



Talvez será um desafio para eu falar desse filme hoje, mas tentarei com fervor mostrar a você a importância dessa história, principalmente a comunidade LGBT+ e o porquê de você ter que assistir a essa obra maravilhosa.
Começamos com Marcela. Uma mulher introvertida, quieta, inteligente. Marcela vai à escola da região porque o pai permite. No mesmo dia, ela chega molhada da chuva e atrasada na aula, mas há alguém que a ajuda: Elisa. Elisa estuda na mesma escola que Marcela, isso também ao fato de sua tia ser a diretora da escola e, por isso, ela dorme também na escola, com as freiras.
Percebemos que rapidamente elas se encaixam, se entrelaçam e têm uma ligação muito forte e muito bonita. Começam com uma linda amizade, no caso, elas se veem e conversam todos os dias na escola, e depois de certo tempo vemos que algo maior está surgindo, alguma coisa além da amizade. Amor, talvez?

Imagem da Internet



É AMOR SIM, MEU QUERIDOS E MINHAS QUERIDAS!

Elisa e Marcela percebem que não podem viver uma sem a outra e se isso não é amor, então não sei como chama. O problema está quando o pai de Marcela percebe que a filha anda muito com Elisa, quando ela devia estar procurando um homem pra se casar, se for rico então, melhor ainda. As forças ele resolve tirá-la da escola e mandá-la pra um internato em Madri.

A única solução é fugir e é exatamente o que elas fazem. Ambas pegam suas coisas e partem para bem longe. Em outra cidade, Elisa e Marcela tentam se “misturar” e fingir que são como as outras pessoas locais, mas isso instiga muito a curiosidade e faz com que algumas pessoas passem a bisbilhotar a relação das duas. Então, elas bolam um plano: precisam casar uma com a outra.

UMA PAUSA AQUI.

O ano é 1901. É uma época onde mulheres não poderiam ler livros, a educação era mínima quase restrita. Era importante que uma mulher casasse com um homem e servisse o marido como puder, cuidasse dos filhos e da casa e nada além disso. Uma época de mulheres submissas e homens machistas, brutos e tudo o que você puder pensar de pior a dar características a esses homens. Uma coisa mais importante que tudo isso: homossexualidade era, na época, homossexualismo. O sufixo “ISMO” indica patologia, doença, ou seja, além do preconceito era visto como algo patológico, algo que não estava normal, que precisava ser “curado”.

VOLTANDO.

Elisa se transforma num homem. Faz-se passar por Mario, um primo falecido da família e assim, consegue casar com Marcela. E você para pra pensar: agora elas terão um pouquinho de paz, né? DIZ QUE SIM. Na verdade, NÃO. Isso aguça mais ainda a população local e isso acaba fazendo com que as pessoas se metam em suas vidas.


Imagem da internet


Bom, tudo o que eu disser depois do casamento é spoiler e eu não quero estragar a sua experiência. A minha intenção é fazer e mostrar o motivo de porque você precisa assistir esse filme.

Uma coisa muito interessante é que esse filme foi inspirado numa história super real. Elisa e Marcela se casaram em 8 de junho de 1901 formando assim o primeiro casal lésbico a ser casado pela Igreja Católica e a ser reconhecido como tal. O casamento nunca fora anulado. E elas conseguiram graças a façanha brilhante de transformar Elisa num homem, interessante não? A julgar pela época isso é uma coisa muito perigosa porque, no caso, elas foram presas em Portugal. Muitas coisas aconteceram depois que elas se casaram. Elas não tiveram um pingo de paz sequer.

O filme foi todo filmado em preto e branco, o que dá uma característica única e rara aos filmes atuais, assim como “Roma” filme que obteve 10 indicações ao Oscar e dirigido pelo incrível Alfonso Cuáron. Elisa e Marcela foi dirigido pela cineasta espanhola Isabel Coixet e protagonizado por Natalia de Molina (A Catedral do Mar) e Greta Fernández (O Vazio do Domingo). Ah, uma coisa muito maravilhosa que eu percebi nesse filme são os cortes das cenas, a passagem de uma cena para outra. A tela fecha, o quadro se fecha em círculo e foca em algo especial no filme, como por exemplo, quando Marcela está chorando. Quando há essas passagens, há esses cortes no rosto do personagem ou numa cena onde eles estão, sempre quando há importância naquilo, como se fizesse para que nós, espectadores, prestássemos atenção naquela cena específica. Achei um efeito e uma ideia brilhante, fiquei muito impressionado e maravilhado com isso.

E o resto vocês conferem e descobrem essa linda história assistindo essa obra belíssima. A importância dessa história é muito grande, principalmente por ser algo real e você pode conferir essa maravilha na Netflix, no conforto da sua casa.

Inclusive fica aí a dica para assistir ao filme com o amor da sua vida, um amigo ou até mesmo um crush (risos).



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