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Parágrafos por Mai Passos G: Do outro lado da chuva.

Por Mai Passos G •
segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

      Olá gente bonita! Antes de postar para vocês esse novo conto, inédito, escrito por mim, gostaria de me apresentar! Meu nome é Mai, sou gaúcha, de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Tenho 25 anos e escrevo desde os 16. Sou autora do livro "Sofia" publicado em Ebook na Amazon! Eu amo escrever, e amo ainda mais quando as pessoas gostam do que escrevo.
     Hoje vou apresentar para vocês, o conto "Do outro lado da chuva" pertencente a série "Aurora - Sob As Estrelas" que nasceu quando comecei escrever "O Som das Palavras" livro atualmente postado no Wattpad e no Luvbook. 
     Quando decidi escrever o conto eu fiquei muito em dúvida sobre o nome dos personagens, fazia muito tempo que não escrevia um conto em apenas um dia. Quando eu sentei para pesquisar uma música que embalasse a história me deparei com a canção "Del Otro Lado de la Lluvia" da Dulce María, cantora da qual sou fã, então uma torrente de memórias invadiu minha cabeça e os nomes dos personagens estavam decididos "Dulce e Christopher", que foi o nome do primeiro casal que escrevi minha fanfic. Dulce e Christopher na vida real fizeram par romântico na novela Rebelde como "Diego e Roberta". Sou fã dos dois, e eles me inspiraram a começar a escrever. Com o tempo abandonei das FanFiction e comecei a escrever livros, mas sempre quis um dia escrever uma história onde os personagens tivessem esses nomes, e hoje, ao começar a escrever e escutando a música meu coração gritou para voltar as raízes, para que eu pudesse por para fora todo o sentimento e amor guardado por tanto tempo. Então "Aurora - Sob as Estrelas" começa com um conto deles, e toda a segunda teremos um novo casal. Espero que vocês gostem. Na próxima semana vocês irão conhecer "Anna e Nick". 

                         

Escute a Música Aqui



Te olhava e não te via
Porque o medo me cegava
Deixou tanto em mim
Levantando-me do chão
Me perdi e te perdi.


Dulce

Mas, que droga!
Inferno!
Qual o problema dessa cidade? Porque tem que chover tanto em um lugar como esse? Puta que pariu!
Olhei para os dois lados, mas a não tinha ninguém naquele maldito lugar que pudesse me ajudar! Uma alma viva! Olhei para os meus pés e estava atolada até os joelhos de lama. O carro não se mexia um milímetro se quer. Definitivamente nada poderia ser pior do que atolar em uma estrada abandonada na zona rural de Aurora, para completar só faltava aparecer uma vaca nos campos.
Desistindo de tentar sair dali, abri a porta do carro e voltei a me abrigar ali dentro rezando para que alguém aparecesse. Nem deveria estar aqui, maldita hora que aceitei vir nesse jantar de noivado do André!
Atirando-me contra o banco, cruzei os braços e bufei. Não tinha nada que pudesse fazer para mudar aquela trágica situação. Em alguma outra vida eu devia ter salgado a santa ceia pra merecer um castigo desses!
Cansada de brigar com qualquer santidade fiquei olhando o pára-brisa e a chuva que caia sem parar lá fora, eu estava encharcada, e o jantar já devia ter até acontecido. Suspirando resignada fechei os olhos e pensei em dormir, não tinha nada que pudesse fazer a não ser esperar.
Não sei quanto tempo passou, simplesmente acabei adormecendo e acordei com batidas no vidro.
    - Hey – alguém disse – você está bem?
O som da voz do lado de fora era abafado, não conseguia enxergar o rosto do estranho. Tentei identificar quem era, mas com a chuva ficava tudo embaçado. Resolvi que o melhor era descer e ver quem era.

Christopher

Sabe aquelas cenas de filme de horror? Aquela bem assustadora das qual você acaba dormindo todo tapado depois de tanto medo? Então, foi mais ou menos assim que me senti quando eu vi quem descia de dentro do carro. Ela era linda, gostosa pra caralho, mas era uma maldita de uma filha da puta que atormentava a minha vida desde que chegou nessa cidade. Dulce, a juíza gostosa que habitava os meus sonhos mais sujos e sacanas.
- Ora, ora – sorri debochado – se não é a juíza delicia.
- Jesus – ela revirou os olhos – se não é o delegado que se acha o machão.
- Dulce, Dulce – me aproximei um pouco dela que estava escorada no carro – quando eu te pegar…
- Como se um dia fosse cometer uma loucura dessas.
- Quem desdenha quer comprar Juíza.
- Christopher…- lhe encarei bem – não me testa hoje, estou toda molhada e minha arma está dentro do carro, não me custaria nada criar um acidente.
- Calminha aí – me afastei e dei um sorriso, que há um tempo ela não resistiria. - não vamos partir para a violência.
- Se você fizer mais uma gracinha…
- Tudo bem, já entendi.
Dando as costas para ela e indo em direção ao meu carro parei de provocar, eu conhecia Dulce tempo suficiente para saber que ela atiraria em mim se eu continuasse implicando.
A conheci há oito anos, quando chegou nessa cidade para cursar a Faculdade Federal de Aurora. Da minha parte foi amor a primeira vista. Os cabelos vermelhos caiam sobre seus ombros em cachos grossos, os olhos castanhos enormes me enfeitiçaram no momento em que ela os direcionou para mim.
Dulce era pura beleza e luz, tinha algo nela, naqueles olhos que me fizeram querê-la mais do que qualquer coisa na vida. Conquistá-la havia se tornado meu objetivo naquela época.
- Aonde você vai? - olhei por sobre o ombro e a vi me seguindo.
- Para a casa – respondi abrindo a porta do meu carro.
- E vai me deixar aqui? - aqueles olhos que eu tento amei um dia se arregalaram – eu sei que você é um tremendo babaca, só não sabia que era tanto.
Revirando os olhos respondi: – Se quiser, sobe aí, só que vamos para fazenda.
- Você pode me deixar na fazenda dos pais do André – a vi dando a volta na minha caminhonete para subir no carona.
- Você tá é louca – ri ligando o carro. - O rio subiu, tapou a ponte. Se quiser, é ir pra minha casa e esperar a chuva passar, não vamos conseguir desatolar seu carro.
- Inferno – ela gruiu – só posso ter colado chiclete na sola da sandália de Cristo para ter que te aguentar.
- Não era isso o que você falava quando eu estava dentro de você.
- Cala a boca.

Te amei mais do que pensa
Não duvide nem um momento
Me arrependo cada vez
Por não tê-lo feito a tempo
Me perdi e te perdi



Dulce

Resolvi não dizer mais nada para o Christopher, se tem uma coisa que ele sempre soube fazer foi me irritar. Desde o dia em que nos conhecemos, até quando nos apaixonamos e casamos. Fomos casados por três anos, porém em algum momento no caminho a gente se perdeu e as coisas mudaram. A gente mudou e quando vi aquele amor todo, aquele fogo não estava mais lá. Eu não estava mais lá. Perdi-me na minha carreira, em mim mesma.
 Pedi o divórcio e há dois anos estávamos separados.
O carro deu uma trombada em um buraco no meio da estrada e fui tirada de meus devaneios. Olhei Christopher de rabo de olho, e o vi concentrado na direção. Ajeitando-me no banco, virei e olhei seu perfil. Ele continuava o mesmo. A pele bronzeada ainda do verão, a barba sempre presente estava aparada. O cabelo estava bem baixinho. As linhas de expressão continuavam ali, no auge dos seus 30 anos, ele era um homem espetacular. Os olhos castanhos claros em contato com a claridade tornavam-se mel. Os olhos dele foram à primeira coisa que reparei quando a gente se esbarrou nos corredores da faculdade. Eu amei muito aquele homem. Amei mais do que meu coração podia suportar, entretanto acabei perdendo aquilo em meio ao amontoado de sonhos dentro do meu coração.
 Sonhos que não consegui se quer pensar em realizar desde o dia em que assinamos o divórcio. Afoguei-me no trabalho para tapar o vazio que senti desde que arrumei minhas malas e sai daquela fazenda.
Suspirei.
Provavelmente nunca superaria aquele homem, nem hoje, nem amanhã e nem nunca. Gostaria de ter o esquecido, assim como ele o fez, quando apareceu para jantar com uma loira estonteante no nosso restaurante favorito em Porto dos Casais, cidade vizinha a Aurora.
- Você não vendeu a fazenda ainda? - perguntei curiosa.
- Porque eu faria isso?
- Eu achei que você fosse para algo menor, a fazenda dá trabalho.
- A Nina me ajuda – ele virou e sorriu fraco para mim, Nina era a babá de Christopher cuidou dele desde que nasceu.
- Que bom – voltei a olhar pela janela.
Não consegui dizer mais nada.
A fazenda era um dos lugares que eu mais amava na vida e quando nos casamos decidimos que era lá que iríamos morar. Reformamos a velha casa e o celeiro. Eu e Christopher fomos muito felizes. No divórcio a fazenda foi à única coisa que ele me pediu. Ele não quis mais nada, nem o dinheiro, nem o carro, nada. Apenas a fazenda. Eu cedi. Não me importava, seria mais prático morar na cidade, aquele lugar trazia muitas lembranças.

Christopher

Não demorou muito para que chegássemos. Desci do carro e Dulce veio logo atrás. Pensei que nunca mais a veria passar por aquela porteira, mas a vida é uma maldita metida e dava sempre um jeitinho para fazer as coisas. Abrindo a porta vi que estava tudo vazio, Nina devia estar na fazenda dos Guerra para o jantar de noivado do André e da Ariana. Aquele babaca estava fazendo uma tremenda merda, todo mundo sabia que ele era apaixonado por Isabella, a filha dos Andrades. A hora que aquela mulher resolvesse voltar ele estaria ferrado.
Deixei as compras que havia feito em cima da mesa da cozinha e ascendi à luz. Virando-me vi Dulce sentando em um dos bancos altos da bancada da cozinha, lugar em que cansamos de dividir o café.
- Se quiser pode pegar uma toalha e uma roupa minha no quarto para você tomar banho e se trocar.
- Tudo bem – ela suspirou – obrigado.
A vi saindo da cozinha e subindo as escadas que davam de frente para aquele cômodo.
Virei para a pia e respirei fundo. Gostaria de saber em qual parte do nosso casamento erramos, onde todo aquele amor que juramos foi parar? O meu eu sabia que estava dentro de mim. Guardado no lugar mais remoto, tentando ser reprimido, abafado, apagado. Amar doía.
Guardei as comprar e comecei a preparar algo para comermos, já passava das nove da noite, estava cansado e faminto. Divagar sobre o porquê nosso casamento acabou não ajudaria em nada
Preparei sanduíches e abri um vinho, não estava muito a fim de cozinhar e aquilo deveria ser suficiente.
Sentei a bancada e esperei Dulce voltar. Não demorou mais de dez minutos e a vi descendo as escadas com uma camisa e calça de abrigo minha. Nas mãos estavam suas roupas molhadas.
- Onde posso deixar isso? - perguntou me encarando.
- Me da aqui – pedi estendendo a mão.
- Tudo bem – ela me alcançou – obrigado.
Peguei as roupas e levei até o anexo da cozinha onde fizemos uma pequena lavanderia. Joguei as roupas na máquina e pus pra lavar. Voltei para a cozinha e Dulce estava bebericando o vinho que havia aberto.
- Eu adoro esse vinho.
- Eu sei – sorri e a encarei – o André me deu essa garrafa.
- Obrigado – ela sussurrou – por me ajudar.
- Tudo bem Dulce – me servi e peguei um sanduíche – vamos comer.
Sem dizermos mais nada começamos a comer. Eu tinha muitas coisas entaladas na minha garganta. Palavras que nunca consegui dizer, que ficaram guardadas para serem ditas, cuspidas e escancaradas. O amor era uma coisa muito louca, um sentimento tão primitivo que inundava cada célula do meu corpo e fazia-me sentir-me fraco. Talvez eu devesse parar de sentir, porém isso se tornava difícil quando aqueles olhos me olhavam.

Do outro lado da chuva
Onde nasce o sol
Carrego sempre sua memória
E metade de um adeus
Tatuado em meu coração

Dulce

Raios cortavam o céu, a chuva não parava de cair, cada vez mais forte e intensa. Observava o céu se iluminar pela janela da sala. A lareira crepitava o fogo lentamente, aquecendo a casa.
As memórias eram, realmente, uma peça que nossa mente nos pregava. Elas tinham o poder de nos aquecer, mas também de destruir.
Queria saber qual foi à parte que deixei aquele amor esquecido dentro de mim. Em qual parte eu passei a amar menos, a me importar menos. Quando meu casamento começou a ficar em segundo plano?
Perguntava-me se era possível deixar o amor em segundo lugar, como a gente conseguia isso?
Um raio cortou o céu, iluminando a noite. Do outro lado da chuva eu vi aquele campo vasto a minha frente, o mesmo lugar onde jurei amar Christopher para sempre, acima de tudo, na saúde e na doença, na alegria e na tristeza até que a morte nos separasse só que quem terminou tudo fui eu.
- Dulce – a voz baixa e rouca veio detrás de mim.
- Christopher… - sussurrei.
- Qual foi o momento?
- Eu não sei – sabia sobre o que ele me perguntava, era exatamente o que estava me perguntando – um dia eu senti toda a frustração de tudo o que eu não fiz e aquilo me fez sentir-me como se estivesse sendo apertada, sufocada.
- E a melhor saída foi me deixar?
- Eu não sabia o que fazer – suspirei e vire-me para lhe encarar nos olhos – eu queria fugir, estava tão sobrecarregada.
- E conseguiu o que queria?
- Você sabe que eu nunca saí de Aurora, Christopher. Quando nos separarmos disse que ficaria até assinarmos o divórcio, mas depois parece que tudo fez menos sentido. Eu não sei.
- Essa sua desculpa de nunca saber o que quer é bem ultrapassada, Dulce.

Christopher

- E o que você quer que eu te diga?
- A verdade, caralho! - gritei, sim, eu não agüentava mais escutar aquilo.
- Essa é a verdade, Christopher! Aceite-a!
- Porque você não admite logo que deixou de me amar? - eu precisava que ela disse aquilo.
- A questão é justamente essa – disse em um sussurro – eu nunca deixei de te amar!
Não pensei. Meus olhos não viam absolutamente nada a não ser a mulher na minha frente. Todo aquele amor, tatuado, impregnado em mim veio à tona, explodiu. Dei três passos e a agarrei pela nuca grudando minha boca na dela.
O mundo deixou de existir, a chuva, os raios, o chão, a casa. Era somente eu e ela naquele espaço, como se estivesse flutuando. Eram nossos corpos na dança perfeita. Unidos, pois, jamais deveriam ter se separado.
Amor, em sua forma mais plena e esplêndida, a luz no início e no fim.
Eu amava aquela mulher. Amava cada detalhe dela, os olhos, o sorriso, a boca, os palavrões, o autoritarismo, a personalidade, a maneira como ela ficava linda naquela camiseta e abrigo. Amava a forma como nos encaixávamos na cama e na vida. Sabia que era ela, desde o início. Sempre foi. Dulce era tudo o que eu jamais pensei querer.


Do outro lado da chuva
Longe da dor
Me pergunto se em segredo
Sente o mesmo que eu
Se em tua alma, em algum lugar
Ainda existimos nós dois

Dulce

Saudade era uma das palavras em português das quais não existia tradução, e de uma forma ou outra, a vida sempre nos provava o por que.
Saudade era uma imensidão sem fim, jogada ao léu. Era o início da dor, o meio, porém, jamais o fim. O sentimento mais arrasador. Saudade era a prova de amor mais valiosa do mundo, a prova que ninguém entendia.
Algumas pessoas achavam que o amor era um sentimento sem explicação, mas alguém já tentou explicar a saudade?
Aquele beijo arrebentou a barreira mais forte que eu pensei ter criado; sentir. Jurei que jamais sentiria novamente qualquer sensação humana relacionada a alguém.
Amei aquele homem. Amei mais do que calculei ser possível. Estar nos braços dele novamente só provava o quanto estive errada.
Não fui embora por estar frustrada com a minha vida, eu fui embora porque pensei ter perdido toda a minha liberdade para aquele amor. Aquele beijo não levou só a minha sanidade embora, ele revelou o que tinha em meu coração, que sempre foi o amor por aquele homem.
- Ah juíza delicia – ele sussurrou – eu não vou parar.
- Não quero que você pare – sorri entre o beijo – delegado gostosão.

Christopher

Peguei Dulce por debaixo das pernas e a ergui em meu colo, sem parar de beijá-la. Senti tanta saudade daquela mulher que nem se passasse a noite toda dentro dela seria capaz de sanar. Dulce era o amor da minha vida. A mulher que escolhi pra dividir tudo.
- Vou te fazer lembrar Dulce – deitei ela sobre a cama.
- De que? - ela perguntou enquanto me puxava para cima dela.
- Do porque você disse sim naquele altar.
- Então me lembra.
Voltei a beijá-la como se existisse apenas nós dois no mundo. Aquele inferno de terra podia explodir, estava me fodendo, porque que tinha a mulher que eu amava exatamente onde eu queria, na nossa cama, em baixo de mim, gemendo como uma alucinada.
As pessoas nunca entenderam porque resolvemos casar com apenas um ano de namoro, na verdade elas jamais entenderiam o quanto o meu coração e a minha cabeça estavam conectados com os de Dulce.
O amor, muitas vezes, era uma droga, mas tudo fazia sentido quando Dulce gritava por mim.


Você tentou consertar com seu amor
Meus sonhos despedaçados
E me dói, na verdade
Que não pude te dar tudo

Dulce

O sol nasceu como já era de costume após as tempestades. Aurora era uma cidadezinha com um “que” de mistério, e acredito que até um pouco de magia. Brincava com Christopher que era uma cidade que lia nossas emoções. Quando o coração estava em tempestade, na cidade o tempo mudava. Se o coração brilhava; o sol nascia. Era como esperar pelo outro lado da chuva, onde a gente encontrava a luz que nos enviava para o lugar de onde jamais deveríamos ter saído.
Eu sei que uma noite não resolve nossos problemas, que sexo que não é tudo, no entanto poder tocar de novo aquele homem me mostrou o caminho de volta para a casa, de onde jamais deveria ter saído.
Ele foi o primeiro homem que amei e disse “sim” para todo o amor que vinha dele.
Quando eu pedi o divórcio Christopher tentou consertar o que havia entre a gente, se culpou e não ouviu quando disse que o problema era eu.
Ele não foi capaz de entender que chegou a um ponto que acreditei ter destruído todos os meus sonhos por causa daquele amor, quando na verdade aquele sentimento era a única coisa que eu queria, por isso eu jamais saí de Aurora para ir atrás daquilo que um dia achei que precisava. Doeu-me muito minhas decisões, mas eu acreditava estar certa, e aquilo não machucou só a mim, mas a ele também. Sentia muito não dar a Christopher, naquela época, o que ele queria.
Levantei da cama e vesti a camisa dele, e por cima o moletom que estava na cadeira ao lado da cama. Olhei o relógio no criado-mudo e já passavam das onze da manhã. Eu dormi demais.
Fechei a porta do quarto e fui à procura do meu ex-marido. Desci as escadas até a cozinha, olhei e ele não estava ali e nem na sala. Resolvi procurá-lo na parte de fora.
Abrindo a porta, encontrei Christopher, parado ao lado de uma árvore olhando a vastidão dos campos. O sol brilhava no horizonte.
Fiquei vários minutos o observando. Ele continuava lindo, de todas as formas que eu sempre achei. Ele me amou naquela noite e entregou seu coração de novo em minhas mãos, confiando que eu não o esmagaria de novo.
Eu peguei o dele, e entreguei o meu. Entreguei o resto a ele, por completo.
O vi virar para mim e abrir aquele sorriso maroto.
Do outro lado da chuva, lá estava ele, esperando o momento em que correria para seus braços, e foi o que fiz, sem me importar com nada.
Eu o amava.

Fim.



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27 comentários:

  1. Sabe aquele momento em que você quer mais? Mas então lembra que é um conto :p amei e quero que chegue logo a próxima segunda haha parabéns Mai (aplausos).

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    1. Oi Lucas, que bom que você gostou! teremos mais contos sim

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  • Caraca, você é demais!
    Em um conto curto desses, você conseguiu transmitir tudo que eles sentiam. Tudo que guardavam. Como se eu já os conhecesse a séculos.
    A escolha dos nomes foi outra coisa que eu amei! Amava assistir "Rebelde" e ler esse conto foi como voltar a assistir a novela, só que de outro ângulo, sei la.
    Amei de verdade! Parabéns <3

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    1. Aline, que bom que consegui passar essa mensagem! Voltei as raízes da epoca de fanfiction tbm

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  • Olá
    Não sou uma entusiasta de narrativas compartilhadas, até acho legal, mas não sei acho que corta um pouco o clima, mas gostei do jeito que você escreve, é bem empolgante e você consegue transmitir muito bem os sentimentos envolvidos, os momento de humor foram bem gostosos, realmente gostei muito.

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    1. Daniele, que ótimo que mesmo não gostando dese tipo de narrativa, você gostou do conto! teremos mais

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  • Ain que conto mais lindo, você escreve tão bem e me fez sentir todas as emoções do casal! Achei fascinante e reflete muito a realidade onde as pessoas se distanciam por bobagens e ainda se amando❤️ Muito lindo!

    MEMÓRIAS DE UMA LEITORA

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    1. Oi Suzane! Obrigado pelo carinho! Sim, as vezes, deixamos o amor passar por estarmos confusos, ou por simplesmente não conseguir ver ele. Dulce e Christopher aprenderam muito em uma noite. Teremos mais contos.

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  • Olá,

    Não sou muito fã de contos. Até leio alguns, mas não são minha praia. No entanto, achei sua escrita bem fluída, parabéns! Saber que você escrevia fanfics, me deu uma baita saudade da época em que eu passava horas lendo-as <3

    Beijos,
    entreoculoselivros.blogspot.com.br

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    1. Olá Thayenne! Fico feliz que tenha gostado da minha escrita! te aguardo para o proximo conto <3

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  • Oie!
    Confesso que sempre fico com aquela sensação de que falta algo na história, de que poderia ter mais.
    Mas gostei da história desse, sobre o amor e a entrega. E a narrativa também está ótima, muito bom.
    Bjks!
    Histórias sem Fim

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    1. Oi Carla. que legal que você gostou! Eu sempre fico tbm com gostinho de quero mais! Mesmo sendo um conto, dá vontade de escrever um livro inteiro!

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  • Oi!
    Não gosto muito de contos mas foi impossível não gostar do seu, pois sua escrita é muito gostosinha. Mas confesso que tive dificuldade em criar uma imagem mental dos personagens pois os nomes não me deixaram ver outra coisa se não as pessoas a quem eles pertencem na vida real, o que foi bem chato mas provavelmente foi um problema pessoal haha.
    Parabéns!
    Beijos!

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    Respostas
    1. OI Lari. Sabe que eu tenho essa dificuldade até hoje? Eu comecei lendo Web Novelas deles, e hoje os personagens podem ser o oposto deles eu sempre imagino os dois, em todos os livros, é critico! Obrigado pelo carinho

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