São sempre marginais os que não se encaixam num modelo, os que não se ajustam às formas prontas, os que ousam contrariar o estabelecido e sacramentado pela maioria como correto. São marginais os que nasceram sem certificados de pedigree ou rasgaram-no ainda no berço esplêndido em que foram ninados. Não ter nascido para o conveniente, não querer viver apenas para suportar, não se ajustar aos apelos dos padrões é andar fora dos trilhos, rastrear os refugos, percorrer becos e vielas em vez de ruas pavimentadas. Não se faz escolha pra ser anjo gauche... nasce-se. São os sonhadores internados como loucos, os delicados massacrados pelas hecatombes da hipocrisia social; os que ambicionam apenas o poder da essência.
Eu que conheço todos os credos e ritos, todos os modelos de ser e não-ser, eu que só tenho a virtude de ser eu mesma, digo: benditos os marginais que já rasgaram o véu das aparências; benditos os anjos gauches, os sonhadores que acham, como eu, que o mundo não pode ser só isso, as pessoas não podem ser só isso que vemos...
uma verdade maravilhosa para quem sabe errar acertadamente. Viva aos anjos gauches que tb me sinto.
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